Hoje vamos falar de um assunto que circula muito entre as pessoas e, tudo o que está escrito abaixo não é opinião minha pessoal, mas sim resultado de trabalhos científicos sérios de verdade. Para ajudar quem deseja se aprofundar mais no assunto, deixarei alguns links no texto.
Lembra as televisões dos anos 50 até os anos 90? Elas eram enormes, vorazes consumidoras de energia elétrica, com imagem ruim e, inicialmente, em branco e preto.
Quando a tv em cores foi lançada muitos aconselhavam a ficar longe da tela pois ela emitia radiações que eram perigosas. O mesmo se dizia para quem ficava em frente aos monitores dos primeiros compudores.
O fato de hoje usarmos telas planas e não mais de raios catódicos, não foi devida ao fato de emitirem radiação, mas sim por consumirem menos energia, usarem uma nova tecnologia que produz imagem melhor, serem mais leves e mais baratas de serem construídas, além de não emitirem nenhum tipo de radiação. (aqui o link sobre um estudo efetuado com as antigas televisões com tubos de raios catódicos, que creio nem existam mais nas casas)
Quando o forno de microondas foi lançado no mercado, muitos diziam que ele faz mal à saúde por causa de suas radiações. Alguns chegavam a afirmar que os alimentos preparados nele geravam câncer. Até hoje tenho amigos que, após usar o microondas, deixam a porta aberta alguns minutos para que as radiações saiam. O funcionamento dele está baseado no fato que moléculas polarizadas eletricamente oscilam se o campo elétrico oscila. A molécula de água é uma delas. Portanto no microondas quem aquece o alimento é a molécula de água contida nele. Contrário ao que muitos creêm, o alimento não cozinha de dentro para fora. Interessante conhecer o motivo de você poder fritar bacon no microondas. (para saber mais sobre o microondas eis um link)
Quando o celular começou a se difundir, muitos afirmavam que as radiações emitidas por ele “fritavam” o cérebro das pessoas e causavam lesões permanentes.
A foto ao lado (wikimedia) é do Motorola DynaTAC de 1983 que custava quase 4 mil dólares, que equivalem a pouco mais de 10 mil dólares hoje em dia. Ele era capaz de... Telefonar!
Agora a conversa vai para o 5G, com as mesmas alegações, os mesmos argumentos baseados em achismos e muita conversa com crenças e não ciência...
Afinal, o que são as radiações? Elas fazem mal sim ou não?
Usualmente, Radiação é uma onda eletromagnética. Só isso!
A rigor podemos dividir as radiações em duas categorias, as ionizantes e as não ionizantes, mas aqui hoje estaremos falando apenas das não ionizantes (veja o gráfico a seguir).
Como toda onda, a radiação tem uma frequência e uma amplitude.
A frequência é o número de vezes que uma onda efetua uma oscilação completa em cada segundo e se mede em Hertz (Hz).
Por exemplo quando dizemos que uma onda tem frequência de 1.000 Hz estamos dizendo que essa onda oscila 1.000 vezes em cada segundo. Se dizemos que uma onda tem frequência de 1MHz (megaHertz), estamos dizendo que a onda oscila 1 milhão (mega) de vezes por segundo.
A amplitude da onda está relacionada com a intensidade dessa onda para uma dada frequência, ou seja, a quantidade de energia que ela transporta a cada segundo.
Por exemplo: quando aumentamos o volume do som emitido por um aparelho, estamos aumentando a quantidade de energia emitida a cada segundo, não estamos alterando a frequência, mas sim a amplitude da onda sonora. Uma lâmpada mais potente do que outra da mesma cor, emite ondas de amplitude maior do que a outra.
Interessante imaginar isso do ponto de vista da física quântica. Nela se considera que a radiação seja constituida de pequenos pacotes de energia ( chamados Quantum, daí o nome da teoria). Cada pacote tem uma quantidade de enrgia que é proporcional à frequência da radiação (Equação de Planck E = hf). Então, se olharmos o gráfico acima, veremos que, quanto maior a frequência da radiação, maior a energia de cada Quantum.
Então fica simples entender por que, se recebermos, por exemplo, 100 Quanta de baixa frequència, a energia será menor do que se recebermos 100 Quanta de alta frequência.
Podemos ver as radiações?
Sim, melhor dizendo: nós vemos graças às radiações! Nós existimos graças às radiações!
A luz é radiação eletromagnética. A luz vermelha é uma onda que oscila 4,5 . 10^14 vezes por segundo (4,5 vezes 10 elevado a 14), enquanto a luz violeta é uma radiação de frequência 7,5 .10^14 vezes por segundo!
(Que maravilha a natureza: uma radiação eletromagnética que oscila 450 trilhões de vezes por segundo nos dá a sensação da luz vermelha! E os nossos olhos são capazes de capturar esta oscilação, transformar em impulso elétrico, enviar para o cérebro e finalmente decodificarmos este impulso e termos a noção da cor vermelha! Isto é maravilhoso!
Impossível não ficar boquiaberto diante da beleza da natureza e da vida!)
Portanto, o que chamamos de luz são radiações eletromagnéticas que oscilam entre 450 a 750 trilhões de vêzes por segundo.
Isto é uma radiação incrível, mas nós vivemos e enxergamos graças a ela. Nós não podemos ver todas as radiações, pois somente aquelas compreendidas entre essas frequências são capazes de sensibilizar a nossa visão.
Uma ótima explanação sobre o espectro da luz visível você encontra na página de onde tirei esta imagem, clicando aqui.
Podemos sentir as radiações?
Sim, o “calor” é uma radiação e você há de concordar que é gostoso estar diante de uma fogueira nas noites frias. O “calor” é uma radiação de frequência mais baixa do que a luz e, o termo correto para denominar esse calor é Radiação Infravermelha (a palavra “calor” em física tem significado bem diferente do comumente empregado). Nós não podemos perceber todas as radiações, mas o nosso corpo consegue interagir apenas com algumas delas.
Outro exemplo de radiação que nos afeta todos os dias é a radiação ultravioleta. Ela também é produzida pelo Sol e, com sua frequência mais alta do que o violeta, ao atingir nossa pele faz com que fiquemos bronzeados.
Então essas radiações não fazem mal?
Sim e não. O importante é a intensidade e o tempo de exposição a determinadas radiações. Por exemplo: se você está num ambiente onde a intensidade da luz é baixa, não consegue ver alguns objetos e nem ler um livro. Por outro lado, se você está dirigindo à noite e um carro vem ao contrário com luz muito intensa, você fica sem enxergar direito. Finalmente, se a intensidade da luz for muito grande, poderá causar lesões permanentes nos teus olhos.
Vale o mesmo raciocínio para o calor. Pouco calor você morre de frio, muito calor torra ou faz churrasco.
No caso do ultravioleta, o excesso pode causar câncer de pele, mas na dose certa deixa a pele com aquela cor morena muito bonita e ajuda em certos processos biológicos.
Você percebe então que, como tudo, o importante não é tanto a frequência das radiações, mas sim a intensidade delas e quanto tempo fica exposto a essas radiações.
Se usado moderadamente, o telefone celular não traz problema, mas se alguém passa horas com ele grudado na orelha todos os dias, pode ter más consequências. Independe de ser 4G ou 5G.
Com alimentos o raciocínio poderia ser o mesmo: Sem alimentos morremos, com a quantidade correta vivemos bem, com excesso adoecemos e morremos. Posso dizer que comer faz mal? Não, mas posso dizer que comer em excesso faz mal.
Então quais radiações fazem mal?
Para cada radiação existem quantidades mínimas e máximas, dentro das quais nós convivemos perfeitamente bem. Abaixo da quantidade mínima sentimos falta, acima da quantidade máxima temos o excesso e, em ambos os casos, teremos problemas.
Os vilões que matam e deixam as populações submissas!
Após uma rápida busca via Google, encontrei alguns vilões na crença popular com relação a radiações e coisas semelhantes. Interessante notar que esses vilões aparecem e desaparecem ao longo do tempo.
Eis alguns exemplos:
Lembram-se quando as manchetes dos jornais falavam no buraco da camada de ozônio na atmosfera? Tvs, rádios, jornais (naquela época não havia internet), todo dia nos aterrorizando e dizendo que todos iriamos morrer de câncer por causa daquilo. Há quanto tempo você não vê nenhuma nota sobre esse tema? Será que ele desapareceu? Não, ele continua lá e mudando de tamanho constantemente, ora aumentando ora diminuindo, como sempre aconteceu ao longo dos milênios…
Puxa vida, e os caras diziam que era o gas das geladeiras e o pum das vacas que provocava o aumento do buraco na camada de ozone... Pelo gráfico posso concluir que as vacas fazem menos pums no mês de outubro todos os anos...
Para não acreditar em bobagens, te aconselho ver essa página com todos os dados, e de onde tirei o gráfico acima.
Outro vilão, mais recente, foi o forno de microondas. O funcionamento dele é bem simples. Uma onda eletromagnética dentro dele faz as moléculas de água oscilarem rapidamente.
Em outras palavras, as moléculas de água aumentando a oscilação, aumentam a temperatura. Como os alimentos contém muita água, essas moléculas acabam aquecendo todo o alimento. Simples assim.
Claro que as notícias que diziam que microondas provoca câncer também foram sumindo…
Depois veio a onda do telefone celular. Esta é um pouco mais complexa pois ele emite radiações e fica na orelha, bem perto da nossa fábrica de idéias.
Mas, como as anteriores, essa onda passou e a humanidade sobreviveu…
Agora é a onda do 5G. Como você acha que vai acabar essa onda? Será ele finalmente o grande vilão? Chã chã chã chã! Não percam o próximo capítulo de “O Destruidor Implacável da Humanidade!”
Finalmente o maior de todos os vilões: as usinas nucleares.
Estas merecem um capítulo à parte. São tantas as bobagens e opiniões infundadas que aparecem a torto e à direita, que nem um livro de mil páginas seria suficiente pra descrevê-las. Saudades do Estanislau Pontepreta com o seu FEBEAPÁ (essa só os mais velhinhos terão compreendido, kkk).
Apenas por curiosidade a foto NÃO É de uma usina nuclear, mas sim de uma usina termoelétrica na Alemanha que consome 830 toneladas de carvão por hora! Isso mesmo, faça a conta, em um dia (24 horas) ela consome mais de19 mil toneladas de carvão por dia! Será que ela não polui?
Porém como o assunto hoje é radiação não ionizante, só queria lembrar que o nosso corpo é radiativo, assim como a banana é radiativa e a pia de mármore da cozinha da tua casa também é radiativa. Se vocês acharem interessante que eu comente sobre Radiação Ionizante (que é a mais perigosa) me mandem mensagem.
Por favor, por medo da radioatividade, não arranque a pia, não deixe de comer bananas e outras frutas e, muito importante, não deixe de dar um abraço bem apertado em quem você ama. Essa radiação que você emite faz bem!
Abraços e até a próxima.
Legal rever você falar (escrever) sobre frequência e amplitude 40 anos depois! Mas só para registrar: eu deixo a porta do micro-ondas aberta, pela mesma razão que deixo a da lavadora de louças: para secar o vapor! beijo ao casal
Há alguns anos, após ligar um estabilizador de voltagem RagTech com potência em torno de 1,3 KVa, a radiação eletrostática emitida pelo mesmo nos primeiros dias de uso foi extremamente evidente em meu gabinete de trabalho. No que imediatamente sofri uma modificação na minha voz, que ficou mais rouca. Seis meses depois, aproximadamente, ao fazer exames de rotina, as taxas associadas a minha Tireóide se apresentaram alteradas. Depois disso, pesquisei sobre se não teria sido devido à radiação, e facilmente confirmei a associação através de pouca pesquisa na web. Controles remotos são outros fatores altamente danosos à saúde: os feixes de raios infravermelhos deles procedentes atravessam nossos corpos e ricocheteiam em paredes e outros objetos, reincidentemente nos atravessando até perderem…
Elio,
Post muito esclarecedor!
Voce poderia compartilhar seu contato? Morro no Sul da Franca tb e gostaria de entrar em contato contigo.
Desde ja agradeco
Um abraco
Guilherme
Elio, como você bem explica: "O funcionamento dele está baseado no fato que moléculas polarizadas eletricamente oscilam se o campo elétrico oscila. A molécula de água é uma delas. Portanto no microondas quem aquece o alimento é a molécula de água contida nele". Agora posso duvidar do isolamento e das características protetoras da chapa da carcaça funcionando como Gaiola de Faraday do forno e portanto pensar que se eu estiver perto do microondas quando ele funciona, vou ter cozinhado um "pouquinho" meu cérebro? Why not? Parabéns Elio pelo blog muito didático.
Fantástico como sempre