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  • Foto do escritorElio

Porque tantas selfies?



Outro dia estava sentado num banquinho, em frente à belíssima embaixada brasileira em Piazza Navona, em Roma e, além de apreciar a beleza de sua construção, comecei a observar o comportamento dos turistas.

Os asiáticos eram a grande maioria, mas um fato me chamou a atenção: a quantidade de selfies usando algum monumento famoso como pano de fundo, era impressionante. Fiquei meditando sobre o motivo disto e criei uma hipótese que gostaria de compartilhar e, se você não concorda, teu ponto de vista será bem vindo pois ele vai me obrigar a refletir mais. A hipótese é a seguinte:

40 ou 50 anos atrás, viajar era algo caro. Somente as classes economicamente mais favorecidas poderiam se dar a este privilégio. Quando eles voltavam das viagens era comum reunirem os amigos para um jantar em casa e mostrarem fotos dos lugares visitados. Isto dava status, simbolizava uma pessoa com dinheiro etc..

Com a popularização das viagens, pagáveis em prestações, preços mais baixos e os tais "pacotes" de turismo, eis que a oportunidade de viajar surge. Neste meio tempo uma verdadeira revolução acontece: a Internet e a digitalização.

Que modo mais imediato e poderoso existe de mostrar aos outros que você está em determinado lugar? Como dizer aos amigos "eu posso!", "eu sou o tal!"? Simples: faço uma selfie e posto no social media. Vou receber centenas de likes ou palminhas batendo ou outras reações do gênero e, quanto mais eu receber, mais o meu ego vai ao céu e mais me sinto querido e importante!

Note que, em essência, nada mudou ao longo dos tempos. Os jantares foram substituídos pela mídia social, mas a essência é a mesma: a necessidade de mostrar aos outros o quanto você é um vencedor, um cara de sucesso, um cara a ser admirado.

Na minha opinião, estas atitudes mostram apenas a mediocridade intelectual destas pessoas. Será que realmente tem centenas de pessoas que você pode considerar amigos e que desejem compartilhar o que você sentiu ao visitar aqueles lugares? É muito provável que, entre as dezenas de fotos recebidas por dia, eles simplesmente cliquem no símbolo e nem se detenham para pensar, avaliar e apreciar aquele momento único que, talvez, você mesmo não tenha apreciado pois, em vez de apreciar, estava mais preocupado em fazer selfies para postar.

Claro, fotos, inclusive selfies, são importantes. Uma foto congela um instante de tua vida e é sempre bom, no futuro, rever aquelas fotos e deixar a mente voar e reviver aqueles momentos lindos. Mas estes momentos são momentos teus, de tua vida, de tua alma e somente você terá dentro da mente o aroma inesquecível que não se repetirá mais.

Quando foi a última vez que você ficou caminhando numa beira de rio ou num campo de mãos dadas com a pessoa que você ama? Quanto tempo faz que vocês não arregaçaram as calças e caminharam descalços deixando o tempo escorrer entre os dedos? Quanto tempo faz que você não pede para ela te olhar de frente para o Sol apenas só para ver aquele brilho maravilhoso da felicidade? Quanto tempo faz que você e ela não fazem uma aventura a dois junto à natureza? Agora eu faço uma pergunta: Será que você vai querer postar as fotos destes instantes numa mídia social ou elas serão propriedade apenas de vocês e das pessoas realmente importantes? As imagens não revelam o que vocês estavam sentindo, elas são apenas parte daquele momento. O momento está dentro de vocês.

O prazer destes momentos está fazendo com que minhas metas tenham mudado e agora deseje percorrer os rios da Europa onde terei como contorno paisagens exuberantes, segurança total e muita história e cultura para aprender.

Caso deseje conhecer mais sobre roteiros gastro-enólogos-culturais e viver momentos especiais no interior da França, basta entrar em contato que terei imenso prazer em te ajudar a realizá-los.

Caso deseje comprar o meu livro: "O que sobra de uma viagem", basta clicar aqui. Obrigado.

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